sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Relacionamento? Produto em falta no mercado...

Pergunta: Acho que o conceito de relacionamento mudou... Será que todo mundo pensa a mesma coisa?

Luciano:
Existe uma diferença entre o QUERER e o SENTIR.
Que se traduz por RAZÃO e INSTINTO.
As pessoas QUEREM uma coisa, mas SENTEM outra.
Sem Generalizar, obviamente, muitas mulheres dizem que procuram homens carinhosos, sensíveis, fiéis, enfim, a relação perfeita. No entanto, a grande parte diz que só arruma `carne de pescoço`, e `oh, por que eu não dou sorte?` e `tá faltando homem no mercado` é o que mais se ouve.
Por que o que define a decisão de ficar com uma pessoa na maioria das vezes não é a razão, mas sim, o instinto. Fica-se com aquele que atrai, que faz SENTIR atração. De um lado, o tipo sensível, quieto, fiel, etc, do outro, o macho dominador, aquele que não se prendde a ninguem, o tipo conquistador, que fica com todas. Por que será que esse último tipo REALMENTE fica com todas? Por que o instinto pede o macho. A razão pede uma coisa, e o instinto outra. Aí fica-se com esse tipo, apaixona-se, e sofre-se. E novamente, vem as lamentações.
Por outro lado, homens, não todos, querem a mulher mais bonita e gostosa, mais atraente. O que conta é a conquista, a sedução, dominar o maior número de fêmeas, dominar o território. Enquanto um instinto manda buscar o macho mais apto a reprodução, e que pode prover segurança à prole, e esse tipo reúne determinadas características que o outro não tem. O outro instinto manda copular com o maior número de fêmeas possível, para `perpetuar a espécie´. A fêmea com maiores seios, um quadril avantajado, que a mostra como uma boa reprodutora.
No entanto, dando continuidade ao que se acredita sobre lei da evolução, saímos da irracionalidade, situação na qual o instinto é o que dita as regras, para a situação de seres RACIONAIS, onde teoricamente, o que deve ditar a regra é a razão, esse fator que nos diferencia dos seres irracionais. No entanto, ainda preservamos o instinto. Como seres racionais, cabe a nós procurarmos nos racionalizar mais, e diminuir a influência do instinto em nossas atitudes. Esse conflito, é o que gera tamanha insatisfação. Mas tudo é um processo de adaptação natural.

Nada na natureza se faz da noite para o dia, no entanto, a própria faculdade de raciocinar existe para facilitar essa mudança.
Procurar identificar em si mesmo quais atitudes são provocadas por instinto, condicionamento, etc. Sócrates já dizia `Conhece-te a ti mesmo`, há tanto tempo! A busca do auto-conhecimento, a auto-análise, coisas que são preteridas pela `outro-análise`. Procura-se entender mais os outros do que a si mesmo. O EU é um universo conhecido, cada um se encontra dentro do próprio, mas tentar entender o outro, ou até mesmo mudá-lo, é tarefa impossível, e perde-se mais tempo com ela, do que tentando mudar a si próprio.
Além de tudo isso, vem o CONDICIONAMENTO. A sociedade cria um modelo de vida, que se torna padrão. Hoje em dia, é a Imagem, o Marketing Pessoal através da beleza e da riqueza, que dita a regra de vida moderna. Marcas, modelos, lugares, estilos, roupas, padrões corporais, são o que a mídia determina como o que é `top` ou não. o que deve ser desejado, ou não. Tudo é imagem. O que se fala sobre os fatores que realmente determinam o sucesso de uma relação? Caráter, bom-senso, personalidade equilibrada, ficam sempre em segundo plano. Primeiro arrumar a mulher mais bonita, ou o cara mais desejado. Depois é que se pensa no resto. Facilidades criam certoss padrões de comportamento, assim como as dificuldades. Quem teve vida difícil, procura valorizar o que tem. Normalmente, os feios é que tem mais noções de caráter e personalidade, que procuram relacionamentos sérios. Os Bonitos, tem facilidades. Por pouco simplesmente troca-se de parceiro, pois já tem 20 na fila esperando. Fácil assim. Não existe preocupação em manter o que já se conseguiu, pois tem a granel. A substituição é fácil. Então, percebemos, que o `relacionamento que está em falta no mercado`, é o relacionamento fruto da RACIONALIDADE. Exige-se demais, sem se preocupar em dar na mesma proporção. Boa parte dessas exigências, vem do instinto, outra parte vem do sistema que a ssociedade criou, aliado a gostos pessoais.

Sobra pouco para a razão, e é o vazio que se sente. Preenche-se todos os requisitos do instinto, da vontade e do `cool` da sociedade, e o pouco que sobra, não é satisfeito.
Por que poucas pessoas pensam em SER, e sim, em TER.
Se tornar um ser humano racional melhor, exige trabalho. Exige auto-conhecimento, é um trabalho individual, que poucos estão dispostos a ter. MAis fácil substituir sentimento por sexo puro e simples. é como comer uma barra de chocolate. Mata-se a carência por momentos. Quanto bate de novo, procura-se outra barra para comer.
Cultivar uma relação dá trabalho. O amor romântico do cinema não existe, o `felizes para sempre`. Idealiza-se felicidade como um conto de fadas. Pessoas possuem imperfeições. Existem diferentes pontos de vista, situações-chave na vida a dois, que exigem renúncia, desprendimento. É preciso aprender a AMAR. Amar, é querer estar com alguém APESAR de tudo. Não é RELEVAR. Níveis de exigência altos criam altos níveis de insatisfação. É proporcional. Se cada ser humano procurar se tornar melhor a cada dia, mais e mais pessoas melhores povoarão nossa sociedade, e finalmente, a quantidade de agulhas no palheiro vai aumentar, e se encontrarão mais facilmente. Não continuar o processo de encontrar o melhor sem se melhorar. A natureza tem suas regras sobre atração e repulsa. Dizem que os `opostos se atraem` na lei da física. Mas na lei da vida, comprova-se que os afins se atraem, e vivem em paz, sem atritos.
Flávio Gikovate diz, em alguns de seus textos, que as pessoas querem `emoção` em suas vidas, o amor romãntico dos filmes, em que se `sofre` por alguém. É preciso haver `tensão constante` na relação, senão fica um fime de romance `chato`. Filme de romance é tido como chato, por que tudo dá certo. E o final todos já conhecem.
Aí, a relação de amor se torna chata, pois tudo está bem, permanece bem, e vira rotina. Todo dia está tudo bem. E a mioria das pessoas ainda tem a idéia pré-concebida de que rotina é ruim. Tudo depende do que se quer!

Qualquer situação tem seu começo, meio e fim. E cada etapa tem características próprias. O começo é marcado pela sensação de novidade, fogo, paixão, etc. No Meio, a paixão já se estabilizou, e se tornou amor, algo mais calmo, rotineiro, porém apaixonado. No Fim, o amor atinge sua plenitude, onde já não há mais paixão, pois pela própria concepção da natureza, hormônios deixam de ser fabricados, desejos diminuem, funções orgânicas vão deixando de existir, e o amor verdadeiro, onde permanece a amizade entre dois seres que encaram uma jornada até o fim. Se a relação é baseada em sexo, ao acabar o sexo, acaba a relação. E sexo por sexo, é puro instinto.
Eis aí por que devemos começar a raciocinar, fazer análises críticas da situação em que vivemos, das nossas reclamações, e procurarmos ver se lá no funco, a culpa de nossas insatisfações não vem de nós mesmos, se não estamos agindo condicionados ao que a sociedade manda, se não estamos seguindo inconscientemente padrões de comportamento, ou simplesmente deixando o instinto agir sem critério racional.
Faz-se simpatias, orações, trabalhos, correntes, benzimentos, gasta-se dinheiro com velas, imagens, perde-se tempo com promessas, e a última coisa que se pensa em fazer, é uma auto-análise, e procurar crescer como ser humano e como pessoa.
Todos podemos ser felizes, batantando saber o que se quer, não exigir demais, nem de menos, pois nós mesmos não somos capazes de oferecer perfeição a ninguém, e racionalizar nossas escolhas, e encará-las de frente, indo até o fim nelas, e encarando de frente os resultados de nossas escolhas.
Escolhe-se relacionamento, então, procura-se relacionar-se, com critérios racionais, próprios s de seres racionais que somos, recém saídos do instinto.
Abraços!

Comunidade: Comportamento & Relacionamento

4 comentários:

  1. Nossa, blog recém criado! Gostei do comentário no meu blog, vc tem razão, mas nada é tão simples, tudo é muito complexo...
    Vc escreve muito bem!
    Bjos

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  2. Gostei muito da reflexão.

    Na verdade nos últimos tempos, tenho 'perdido' grande tempo nessa busca pelo meu EU, e tentando deixar de ser uma louca na busca infinita pela perfeição, seja em mim, seja no outro.

    Mas do meu ponto de vista, melhorar-se acaba fazendo com que você também espere algo melhor do outro. Você conta com isso, afinal você se considera 'bom'.

    Além do próprio ego, acho que isso (o se achar,) vem dos elogios demasiados e desnecessários. É muito bom ouvir um elogio, mas não acrescenta nada.

    Geralmente eu peço um feedback no trabalho e ouço coisas boas. Mas na verdade o que eu quero ouvir é uma crítica, um ponto a ser explorado, a ser melhorado.

    A 'perfeição' ou o fato de tudo estar sempre bem, gera estabilidade, não que isso não seja bom, mas faz com que você deixe de buscar. É como se a sua missão, aquilo que te dá força, o que você busca deixasse de ter importância.

    Mas na verdade acredito que algo realmente valioso seja você sempre dar o melhor de si (mesmo para quem não merece afinal a sua atitude não precisa ser um reflexo do outro, você não precisa cometer os mesmos erros) e (infelizmente) não ter expectativas em relação ao próximo, imagino que isso valha para qualquer tipo de relação. Isso é muito difícil, decepciona-se demais com as pessoas (porque o 'mandamento' do não ter expectativas mal praticado faz com que você se frustre ainda mais)

    Espero não ter fugido muito do assunto.

    Bjs Nathália

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  3. Oi Lu, parabéns pela iniciativa do blog. Você nos presenteia com seus comentários e pensamentos inteligentes, cheios de maturidade e sensibilidade. Nos faz refletir e discutir sobre temas tao importantes no nosso cotidiano. Continue com esse "trabalho", através do seu real talento pra "coisa"... Beijos. Sandra

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  4. até que fim uma análise realista sobre relacionamento...

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