quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Medo de Amar


Postagem:

No início do ano passado, comecei um relacionamento com um homem mais novo. Não cabe aqui entrar nos detalhes de como nos conhecemos e de todo o rolo que tivemos no ano anterior, basta dizer: comecei a namorar em janeiro de 2008. Nossa, estava radiante. Tinha acabado de passar no mestrado e conseguia ter ao meu lado o homem que eu gostava. Nada poderia ser melhor, pensava eu. Só que essa felicidade toda não durou 2 meses...


Sim, dois meses depois o encanto estava desabando. Eu gostava dele, mas ele não fazia questão da minha companhia. Sentia, às vezes, que ele saia comigo quase por obrigação (obrigação de que?). Isso com o tempo só foi piorando. O desânimo, a má vontade comigo. Comecei a achar que estava louca, porque ele se dizia meu namorado, não era obrigado a ficar comigo, dizia gostar da minha companhia, conversar comigo, enfim, era para estar tudo bem, mas alguma coisa dentro de mim dizia que aquilo estava errado.

Até que um dia ele sumiu (ele não era ficante, teve pedido de namoro e tudo, eu não estava vivendo aquilo sozinha). Ficou 3 semanas sem atender telefone, sem responder sms, simplesmente nada. Eu surtei, fiquei deprimida, quase perdi um trabalho do mestrado, porque não tinha ânimo pra fazer nada. Burra!!! Até que em maio, tivemos uma conversa. Nunca ouvi tanta coisa idiota, humilhante, em toda minha vida. Tinha aquelas frases do tipo 'você é boa demais para mim', mas, óbvio, que nada daquilo amenizava a situação, até, porque, isso era tudo mentira.

Se o cara gosta, não te chuta. Se você é perfeita, ele nunca vai querer te largar. Se você é bonita, inteligente, ele nunca vai querer te deixar. Ele me deixou, falando sozinha e chorando nos cantos do corredor da faculdade.

Só depois que percebi que os danos que sofri foram muito maiores.

Não acredito mais em amor. Não acredito em fidelidade, honestidade, sinceridade, vivo achando que todos os caras que se aproximam de mim só querem tirar uma com a minha cara (foi o que ele fez). Não consigo confiar em ninguém mais. Apesar de quase fazer um ano do fim, de ele já estar bem feliz ao lado de outra e de eu saber que ele me apagou da vida dele (a ex e a atual brigam por ele e não sabem que eu existi no meio delas!!) ainda sofro as conseqüências de ter entregado meus sentimentos, minhas ilusões a uma pessoa tão fria e egoísta.

Esse relacionamento foi um marco na minha vida. É uma fronteira do antes e do depois. Hoje não sou mais a boba que era. Não sonho mais com um namorado que me ame. Não consigo acreditar que eu vá um dia achar aquela pessoa que faça eu me sentir especial, e não apenas mais uma da fila.

Lógico que não fiquei esse tempo toda sozinha, apenas solteira. Mas ainda não desisti, totalmente, de encontrar aquele que me faça sentir o que tantas pessoas sentem: o amor
.

Comentário:

Também caí de pára-quedas no seu blog, e acabei lendo seu caso.
Como uma pessoa que tem por vício análise comportamental, não teve como não querer manifestar o que eu penso.
Costumo tentar ser imparcial em qualquer situação, e seu caso já é por demais conhecido. As pessoas costumam se envolver, e ao fazer isso, EXIGEM certas condições. Imagine você, ao se envolver com alguém, esse alguém lhe dizer `Só fico/namoro com você se você me garantir que não vai me abandonar depois`. Namoro é experiencia, no sentito de `tentativa`. São duas partes TENTANDO grudar duas peças. Às vezes cola, às vezes não cola.
Como cada um é um, existe a possibilidade de um gostar mais do que o outro, ou demonstrar isso de maneira bem particular. Ou simplesmente, perceber após certo tempo que você não é a pessoa que ele queria. Somente a convivência mostra isso. Assim como estamos sujeitos a descobrir após um tempo que aquela pessoa não nos completa ou satisfaz da maneira que esperávamos. Imagine se tivéssemos feito a `promessa de nunca cair fora`. Que situação!
Que se faz nesse caso? Ficar por dó? Não. Ninguém é obrigado a ficar com ninguem. Duas pessoas se sentem atraidas, e tentam. Tanto uma parte quanto a outra pode, deve e tem o direito de se desligar assim que achar que deve. Só que sempre será pior pra parte que vai se sentir abandonada. Então o sentimeento de frustração é grande, e natural. Mas é preciso ser maduro, encarar que se o caso fosse o inverso, também cairíamos fora de algo que não foi o que esperávamos. Não existe motivo: às vezes, simplesmente deixa-se de gostar. ACONTECE.
Só que existe um pequeno detalhe. As diferenças entre homem e mulher. No mesmo caso, uma mulher tem uma capacidade infinitamente superior de ddeixar claro que não quer mais e encerrar o caso. Praticidade. Importando ou não como a outra pessoa vai se sentir, a mulher costuma por um ponto final muito rápido quando sente que deve. Doa a quem doer. E nada mais justo! Não se trata de crueldade, mas de racionalidade. Para ambas as partes, deveria ser assim. Tanto a parte que termina, em ser pratico e direto, sem no entanto ser cruel, quanto a parte `terminada`, que deve ser madura o suficiente para entender que sair de algo que não satisfaz é direito sagrado de todos. Se existisse uma OBRIGATORIEDADE ao assumir um namoro, namoro se chamaria CASAMENTO. Deixo claro que não estou falando de libertinagem, e sim de liberdade. Ao assumir um compromisso, espera-se fidelidade, caráter e outros valores morais. Isso é básico.
Enfim, só que o homem, com a criação própria de `criatura mais forte` que uma mulher, tem medo de machucar. Qual então a maneira mais prática de encerrar uma relação? Fazer com que a mulher queira isso primeiro. O homem, do nada, se transforma em um perfeito imbecil. Faz de tudo para que a outra parte se encha e queira cair fora. Conseguido isso, a meta foi alcançada. Nem sempre esse tipo de atitude demonstra mau caráter, e sim medo de machucar. è muito mais fácil terminar uma relação se a pessoa tem RAIVA, do que se a pessoa tem o sentimento inverso. Por que se voê esta com raiva e quer terminar, espera-se que voc~e se sinta aliviada ao se livrar da pessoa. Se for o contrário, é obvio que quem termina sabendo que a outra pessoa gosta vai deixar o outro sofrendo. Obviamente, vai de cada um, e da capacidade de percepção, ver como deve fazer tal coisa. Se a mulher é madura o suficiente para entender se o cara quiser terminar, e vice-versa, terminar numa conversa racional se torna infinitamente mais fácil. Sem brigas, sem cobranças, sem stress, sem mágoas.
Então, é preciso começar a encarar um namoro como tentativa, não como casamento ou contrato com cláusula vitalícia de permanência. Namoro é `experimentar`. Se ambas as partes gostarem, ótimo. Se só uma gostar, paciência, e que cada um procure se envolver com quem tem sentimentos afins. Namoro tem fases. Começo é sempre ÓTIMO. É descoberta, ansiedade, emoção, saudade, novidade. O tempo passa, e namoro vira convivência. Nessa fase, as características da primeira se acalmam. Então outras características se tornam mais evidentes. O Gênio de cada um, bom e ruim, manias boas e ruins, hábitos bons e ruins, diferenças, e mais uma infinidade de situações e detalhes que ao se acumularem, dão o resultado da conta. O balanço pode ser positivo, e pode ser negativo. Tanto para um quanto para outro. São inúmeras possibilidades, e todos temos que estar preparados para elas. Existe a possibilidade do saldo se manter positivo para os dois, independente do tempo que passe; o saldo ser positivo para um e negativo para o outro ( o mais comum ); e o saldo ser negativo para ambos, e os dois se sentirem aliviados com o término da relação.
A partir do momento que se encara relação ou namoro como uma `nova experiência/tentativa`, sem OBRIGAÇÃO de dar certo, se cobra menos de si e do outro. Obviamente, ninguém entra nesse jogo para perder. Mas existe o risco. E encarar que estar solteiro pode ser ÓTIMO! Tantas coisas boas pra se fazer, além de estar LIVRE para iniciar outra tentativa com outra pessoa, que pode ser melhor que a outra! Assim, tanto estar solteiro quando comprometido se tornam DUAS situações boas, e sair de uma relação deixa de ser um drama. Sai de uma situação boa ( ou não ) para OUTRA situação boa, que tem portas abertas para novas experiências, que somente elas dirão o que serão. Boas, iguais, ou piores. É o risco e a imprevisibilidade.
Então, esse `medo de amar` deixa de ter fundamento, em primeiro lugar, pelo fato de que AMOR é algo muito mais profundo que gostar de alguém. Hoje se fala `eu te amo` pra alguém como se fosse bom dia. Casais apaixonados, em duas semanas de namoro já estão com `eu te amo` pra lá e pra cá. Banalizou-se. E essa atitude precipitada, só reforça o sentimento de `enganação` no final da relação. É preciso falar SABENDO o que se está falando. Existe o hábito de falar, e existe o falar RACIONALMENTE. Saber o que se fala, e ter certeza disso, antes de deixar sair.
Finalizando, o término de uma relação significa somente uma nova abertura para uma nova tentativa. Se privar disso por causa de terceiros? Vale a pena? Ao fazer isso, pode-se estar simplesmente impedindo que uma nova e BOA pessoa se aproxime, simplesmente por que `homem é tudo igual` / `mulher é tudo igual`. Ninguém é igual a ninguém, e é isso que nos dá a liberdade de escolha. Cabe a nós também procurar reavaliar os critérios pelos quais nos envolvemos com alguém.
Hoje em dia, o primeiro critério é beleza. FATO. Segundo critério é `o que os amigos/as acharão?`. A partir daí, é que se pensa se a pessoa é ou não é uma boa pessoa, ou se tem intenções sinceras. Todo mundo diz que `não manda no coração`, mas na realidade, escolhe-se muito bem de quem se pretende gostar. Se for pra acabar gostando de alguém, vamos evitar determinado tipo. Por que muita gente não quer correr o risco acabar gostando de alguém que não corresponde aos padrões impostos pela dita `sociedade civilizada`.
São TANTAS nuances e detalhes, que precisaria de um livro para descrever. Mas tais nuances e detalhes podem muito bem serem identificados por cada um, com um pouco de raciocínio lógico e auto-honestidade. Basta usar a energia gasta com lamentações, para pensamentos racionais e úteis na construção de uma experiência melhor.
Abraços!

Luciano

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